quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Poeta Aprendiz

Sou um "observador" perplexo com os Paradoxos teólógicos e filosoficos.

Meu viver não tem alardes, não precisa de holofotes, não busca confetes.Meu viver se afasta desses espalhafatos. Não aceita culto à personalidade, Meu viver abre mão de Títulos, de honrarias, de "rasga-seda", de púlpitos, de cadeiras, de gritos, de “avivamentos”.Meu viver não agüenta mais escutar ou ler os discursos daqueles que se dizem “puros”.Daqueles que falam como se acabassem de chegar do “País das Maravilhas de Alice”. Pretendendo mostrar como são vitoriosos, como os milagres se repetem em suas vidas, como os anjos os visitam, como atinam sobre os mistérios da divindade, como sabem elencar as exigências da lei e como são ousados com Deus.

Meu viver tem poucos testemunhos surpreendentes para contar. Na maioria das vezes prego e ninguém é arrebatado. Querubins não aparecem quando invoco a proteção divina. Sou parceiro de pessoas comuns, não sento à mesa com "pregadores famosos", aprendo com Jesus, simples, discreto e perpicaz. Quero apenas ser um Cristão.

Meu viver é árduo. Convivo com dúvidas. Lido com desejos impossíveis:"Humanidade sem miséria".Não consigo creditar no sofrimento universal na conta da “providência”. Não repito o pessimismo antropológico e nem teólogico que considera as crianças víboras, prestes a mostrar a peçonha que herdaram de Adão. Choro com as condições subumanas dos muçulmanos. Não aceito que a miséria da Índia seja fruto de idolatria, mas da rapinagem do imperialismo inglês. Não me conformo com o descaso que os colonialistas demonstram com a miséria que produziram na África, América Latina e no nosso Brasil.

Meu viver é amedrontador. "Qual o pregador que quer?" Vivo a refutar as minhas próprias conclusões e zombo das minhas certezas. Sei que, caso leve até às últimas conseqüências o que penso, criarei paradoxos e destruirei os parapeitos das minhas convicções. Vivo na beira de grandes crises. Sou vizinho dos hereges. Sento-me na roda dos contestadores. Sei que assim me condeno ao exílio, desperdiço convites tentadores e abro mão de conviver com os notórios. Meu viver é angustiado. Não me conformo com a brevidade da vida. Quero conhecer todas as geleiras, escalar todas as montanhas, mergulhar em todos os oceanos. Falta-me tempo para ler romances, para entender os mestres da filosofia, para degustar os melhores poetas, para meditar ao lado dos santos.

Quero viver, mas sei que é impossível impedir que a areia da ampulheta vaze. Meu porvir se enche de esperança. Sei que a frágil semente que planto ainda há de transformar-se em um frondoso Carvalho. Caso minha breve existência não brilhe como a luz do sol, descanso em ser um lampião que ilumina a senda de alguns justos. Sinto que acendi o rastilho de pólvora que no futuro explodirá os moldes intolerantes da religião

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