terça-feira, 24 de março de 2009

Quais Caminhos?


" Mesmo que muitos desacreditem em Mim, continuarei persistindo nos caminhos Literários e Filosóficos, pois essas são as minhas paixões"

Jackson Poeta Aprendiz

segunda-feira, 23 de março de 2009

O SEMPRE E O DE VEZ EM QUANDO


Outro dia alguém pinçou uma de minhas afirmações para afirmar que eu não acredito em milagres. A afirmação que fiz foi que Deus deseja fazer algo em nós, e não necessariamente por nós. De fato, representa muito do meu pensamento: a principal obra de Deus no humano é a conformação do humano à imagem de seu Filho Jesus, que Paulo, apóstolo, chama de “primogênito entre muitos irmãos”. Mais do que fazer coisas boas para o ser humano, Deus está comprometido em transformar o ser humano, ainda que isso custe deixar ou permitir que coisas ruins aconteçam a este ser humano em processo de transformação. Deus não atua no ramo de “conforto para os fiéis”. Deus atua no ramo de transformação do humano à imagem de Jesus Cristo.

Daí a extrapolar que eu não acredito em milagres é um pulinho. Confundir a ênfase da minha teologia – “Deus faz em nós, e não necessariamente por nós”, com “Deus nunca faz nada por nós”, é até compreensível.

Na verdade, o que pretendo dizer é melhor compreendido quando se dá atenção ao “não necessariamente”: Deus deseja fazer algo em nós, e não necessariamente por nós. Sublinhe o “não necessariamente”. Isso significa que Deus pode fazer e pode não fazer, e que o fazer ou deixar de fazer é imponderável, afetado por muitas variáveis que extrapolam o nosso controle e nosso entendimento. O que acredito, portanto, é que Deus sempre deseja fazer algo em nós, mesmo quando não faz algo por nós. Deus está sempre agindo para nossa transformação, mesmo quando não atua em nossas circunstâncias.

Por esta razão, minha conclusão é óbvia e simples: não devemos pautar nosso relacionamento com Deus na expectativa de que Ele faça algo por nós, mas na certeza de que Ele deseja fazer algo em nós. Quando Ele faz algo por nós, amém, quando não faz, amém também. O que não podemos permitir é que a expectativa de que Ele faça algo por nós nos deixe cegos ou imobilizados para o que Ele quer fazer em nós.

A maioria dos cristãos baseia seu relacionamento com Deus na dimensão “por nós”: o Deus de milagres, o Deus de poder. Alguns poucos baseiam seu relacionamento com Deus no “em nós”: o Deus de amor que nos constrange a viver para Ele e não para nós mesmos, onde viver para Ele implica sempre morrer para si mesmo, tomar a cruz e meter o pé na estrada. O milagre é problema (ou solução) de Deus. A fidelidade é problema meu. Atuar em minhas circunstâncias é o imponderável do mistério de Deus. Atuar em mim é o essencial do propósito de Deus. Você escolhe a base de sua relação com Deus: aquilo que pode acontecer ou não – o milagre, ou aquilo que certamente acontece – a transformação.
publicado por Ed René Kivitz

Senhor, conceda-me a verdadeira Razão e Essência do teu Evangelho!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Reflexões sobre uma Noite de Doutrina? Porque Doutrina?


Refiro-me a um Abençoadissimo Culto de Domingo, dia de adoração e louvor a Deus, que paradoxalmente enxerguei a religiosidade tomando conta do Homem, parei a refletir tão quanto é, e até onde vai os límites entre a igreja como Casa de Oração e como Instituição social.
Olha-se ao Redor e na parte Inferior do Templo, contempla-se pessoas pouco familiarizadas com as Escrituras e paradoxalmente na parte Superior pessoas Completamente familiarizadas com as Escrituras, o convite é aberto pelo Pastor: "Venha ao Púlpito Preleitor".

Começa então todo um jogo sociológico e psicológico. O primeiro aspecto, o sociológico advém com a palavra tão conhecidas entre nós(Evangélicos brasileiros): DOUTRINA "Conjunto de Ensinamentos". Compreende-se que se deva ter tal fundamento, que seja necessária, porém como é encarada este assunto atualmente é angustiante, dissera o preleitor que aquele domingo era o dia da doutrina.

A tradição como sempre, desde os tempos Platónicos, sempre fora louvada e aclamada, e as inovações sempre encaradas com receios, medos e aversões, aquele preleitor fez-se "defensor da verdade" àquele que fora escolhido por Deus para naquele dia falar sobre as inovações, ora, afinal de contas ele iria doutrinar à Igreja, quebrar as inovações.

Fala-se sobre todo tipo de costumes contemporâneos, todos os tipos de castigos e consequências. E se você está em uma situação desagradável seja qual for, é devido sua desobidiência. Você sabe do que estou falando, contudo coloquei-me a Refletir, senti como àquele "irmão" preso à Caverna que descobre um universo diferente e volta para informar aos outros, porém aquele grupo o rejeitou, pois trazia consigo algo inovador. Qualquer instituição social procura excluir seus integrantes quando esses quebram as suas tradições, Inconscientemente o preleitor deixa-se levar pela sua religiosidade.

Absurdo!!?? Porque?? Palavras de um aprendiz parecem em vão, mas as palavras de Jesus têm seu real valor. Perguntei-me: Onde está o Evangelho nisso tudo? Tantas pessoas que desconhecem o evangelho nesta noite e o "Preleitor-Pregador" contenta-se com doutrinas que não passam de um mecanismo sociológico de defesa institucional contra inovações, voltei me aos jovens a qual faço parte e senti-me envergonhado quando o preleitor apontou seu dedo a uns dos jovens e o tiranizou, pelo fato de usar óculos escuros e sua maneira de cumprimentar seus Irmãos, "E aí Truta".

Os mais tradicionais dizem: Deus seja louvado. Os Reflexivos, Deus tenha piedade dos jovens, Isso é Evangelho? Conjunto de doutrinas e diversificações de ministérios, ideias, líderes? Isso é instituição social, é apenas mais um grupo que mensalmente DOA Valores para manter sua manutenção e permanecer socialmente para seu grupo. Evangelho é simplesmente o "amor" incondicional a Deus e ao Homem, seu semelhante.

Os valores desde Moisés invertem-se, e a Religiosidade tem sido algo tenebroso ao homem pois transforma a INSTITUIÇÃO mais importante que o PRÓXIMO! Senhor, conceda-me a verdadeira razão do Evangelho...

sábado, 7 de março de 2009

A complicada Arte de Ver por Rubens Alves


Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".

Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...


O texto acima foi extraído da seção "Sinapse", jornal "Folha de S.Paulo", versão on line, publicado em 26/10/2004.


Simplesmente Fantástico, Senhor conceda-me olhos que realmente possam enxergar!!